Recomendo que abram as imagens e leiam em inglês, mas em todo o caso aqui está a tradução:
Caros arquitectos, estou farta da vossa merda.
Uma vez, há muito tempo, tive um amigo que estava a estudar arquitectura para se tornar, presumivelmente, num arquitecto.
Este amigo apresentou-me a outros amigos, que também estavam a estudar arquitectura. Então esses amigos tinham outros amigos que eram arquitectos - arquitectos a sério a fazer arquitectura a sério, como desenhar condomínios de luxo que se parecem muito com dildos de vidro. E esses arquitectos a sério conheciam outros arquitectos a sério e agora as únicas pessoas que conheço são arquitectos. E todos eles desenham dildos de vidro nos quais nunca irei trabalhar ou viver e que apenas servem para obstruir a minha vista de New Jersey.
Não me interpretem mal, arquitectos. Eu gosto de vocês como pessoas. Eu penso que são porreiros, cheiram bem na maior parte das vezes e gosto dos vossos copos. Têm cabelo maluco, e se tiverem sorte, a maioria dele está na vossa cabeça. Mas a arquitectura não me interessa. É verdade. Isto é o que me interessa:
- burritos
- ouriços
- café
Como podem ver, a arquitectura não está na lista. Eu acredito que a arquitectura está localizada algures entre o fungo e a colonoscopia invasiva, na lista das coisas que me interessam.
Arquitectos, não vou mentir, vocês confundem-me. Trabalham sessenta, oitenta horas por semana e mesmo assim são sempre pobres. Porque é que não me estão a pagar uma bebida? Onde está a vossa riqueza? Talvez gastem tudo em "merlot". Talvez gastem tudo em prostitutas e coca. Não tenho a certeza. É um mistério. Vou deixar que os cientista descubram.
Os arquitectos adoram discutir quanto sono tiveram. Um dirá como esteve no gabinete até às cinco da manhã, apenas para voltar duas horas depois. A seguir outro dirá, oh isso não é nada. Eu não dormi nada durante uma semana. E a seguir outro dirá, vê lá, eu nunca dormi. Meus caros arquitectos, a medição do quão arduamente trabalharam e quanto alcançaram não está relacionada com o numero de horas que não dormiram. Já ouviram falar no Rem Koolhaas? Ele é um arquitecto famoso. Eu sei disso porque vocês me dizem que ele é um arquitecto famoso. Eu ouvi dizer que o Rem Koolhaas está sempre a dormir. Ele está, eu presumo, a dormir neste momento. E eu ouço que ele faz as cenas. E também ouço que está a fazer um edifício que não se parece com uma pila de vidro, mas sim com uma vagina de betão. Quando se dorme mais, aparece uma vagina. Podem todos aprender uma lição com o Rem Koolhaas.
A vida é difícil para mim, por favor percebam. Os arquitectos são uma parte importante da minha existência. Eles telefonam-me às onze da noite e dizem que acabaram de sair do trabalho, se tenho fome? Ouçam, é praticamente meia-noite. Comi há há horas. Há tanto tempo que de facto estou com fome outra vez. Por isso, sim, eu vou. Então, vou e lá estarão outros arquitectos a falar de atalhos de AutoCAD e alguma coisa sobre paineis eléctricos e acreditas que hoje foi tudo o que fiz, que seca. Eu olho à volta da mesa para os pobres, cansados e esfomeados, e penso para mim mesma, eu só tenho uma bala na arma. Quem escolho?
Eu tenho uma amigo que é médico. Ele dá-me medicamentos. Eu aprecio-os. Eu tenho um amigo que é advogado. Ele ajudou-me a processar o meu senhorio. Os meus amigos arquitectos nunca me deram nada. Nem drogas, nem conselhos médicos e nem sabem soletrar litígio. Um amigo arquitecto chegou à conclusão que o meu apartamento tinha cento e oitenta e sete pés quadrados. Isso foi simpático. Obrigada por isso.
Suponho que se poderia perguntar o que é que alguém como eu dá a alguém com vocês. Eu dou alegria. Eu grito com os arquitectos quando começam a falar de arquitectura. Eu forço-os a discutiram assuntos muitos mais interessantes, como ovos recheados. Veem? Eu não tenho medo de perguntar perguntas difíceis.
Assim, caros arquitectos, vou permanecer, por pouco tempo. Espero que um dia alguns de vocês se tornem em médicos e advogados ou me resolvam os impostos. E rir-nos-emos dos dias em que passavam a noite inteira a falar de um Europeu que nunca conheceram que desenhou um edifício que nunca visitarão porque estão demasiado ocupados a trabalhar numa coisa qualquer que nunca será construída. Mas mesmo que esse dia nunca chegue, telefonem-me, eu não estou ocupada.
Atentamente,
Annie Choi
enfim..., realmente a carta desta senhora aproxima-se da verdade, por muito que isso me custe a admitir.
ReplyDeletecontudo gostava de dizer uma coisa, de escritora não sei se tem muito, mas de ninfomaníaca um pouco.
gostava de a aconselhar a praticar um pouco mais o acto sexual por forma a afastar da sua inteligente cabeça pensadora associações menos felizes...
É dessa forma, a trabalhar intensamente, dormir pouco, tomar refeições em horas trocadas, etc... Que sou feliz! Durmo quando quero e trabalho porque quero. E faço o que amo!
ReplyDeleteE um arquitecto NUNCA pensa só na arquitectura. A arquitectura é uma arte que está a vista de todos e que é feita para o homem poder habitar e usufruir dela. Ela pode dizer o que quiser mas, talvéz não dispensa a sua casa (projectada pela mão da arquitectura), talvéz não dispensa a ida a um restaurante de vez em quando(projectado pela arquitectura), talvéz gosta de ir a um cinema, teatro, shopping ou de passear pela cidade... (Projectados e idelalizados pela arquitectura). E os Tribunais? Ouvi dizer que eram projectados por arquitectos. Quando se sente mal, onde vai? Vai a um hospital... Que também é projectado, idealizado e estudado pela arquitectura para um bom funcionamento, pensando em todas as possíveis ocorrências que se podem passar nesse local, bem como nas suas necessidades para receber em perfeitas condições, pessoas com diferentes problemas...
Já agora, o arquitecto acompanha a sua era. Se ela não gosta de "dildos de vidro" ou como lhe queira chamar, tivesse nascido 4 séculos atrás e poderia experimentar o seu belo e atractivo Barroco.
De qualquer forma, o mundo não tem culpa que essa mulher conheça pessoas com tal maneira de ser. Não gasto dinheiro em drogas, mulheres ou outras coisas quaisquer.
Prefiro uma vida sossegada.
E quando vou sair com amigos, gosto bem de uma conversa animada, com todo o tipo de temas, gargalhadas e afins.
Falo de música (até porque me dedico a ela quando a vida me permite). Falo de Futebol (...e sou adepto de um clube), falo de médicina (desde as falangetas dos pés até a protuberância occipital se necessário e nunca estudei medicina. Simplesmente interesso-me em saber e aumentar a minha cultura), adoro cozinhar... Enfim, e quando tenho de falar de vigas, alçados, taludes, rigorosos, etc, faço-o porque é a minha profissão.
Peço desculpa pelo testamento mas não quero que eu e os meus colegas, fiquemos mal vistos.
Tudo de bom e óptimo 2008.
José Martins.